quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ainda queremos negociação! (Carta à Reitoria da UEFS)

Ainda queremos negociação!

Este documento tem como finalidade destacar nossas pautas de reivindicação, reafirmá-las e dialogar conjunturalmente com os novos sentidos e respostas das instancias representativas universitárias e reitoria ao nosso movimento. Através deste, queremos evidenciar que o Coletivo Rapinagem não concorda com a forma como as negociações estão sendo conduzidas, por considerar a distância entre os pontos de pauta reivindicados pelo movimento e aqueles apresentados pelos pretensos mediadores que sequer são considerados legítimos por nós, na medida em que a pauta trazida pelo Rapinagem não se confunde nem se limita à pauta que, via DCE, tem sido apresentada à Reitoria. Razão pela qual, sequer consideramos as reuniões daí decorrentes como, de fato, uma negociação, uma vez que os atores centrais no processo (a ocupação) têm sido tangenciados. Daí, a intenção de, novamente, resgatar a discussão aos sujeitos passíveis de apresentar solução aos impasses postos, explicitando as pautas a serem debatidas na ocupação com a administração central.
Pretendemos com isso alertar para os rumos distorcidos que vem assumindo o atual processo de negociações. Existe uma ocupação acontecendo há cinquenta dias na UEFS e a postura da administração superior de desconsiderar os membros deste movimento como dialogadores possíveis e legitimar apenas as instâncias representativas neste processo estabelece uma situação de impasse em que cada vez mais se distanciam as possibilidades de uma solução efetiva para a crise  que   ora  a universidade atravessa. Alertamos para o fato de que mesmo atendendo as pautas sustentadas pelo DCE, que não se confundem com as nossas, o restaurante continuaria inviabilizado pela ocupação, as pautas que ora sustentamos continuariam sendo sustentadas e a fome que hoje atinge a comunidade acadêmica continuaria sem uma solução possível.
Diante da análise exposta, reafirmando que o espaço continua ocupado até uma negociação direta com soluções concretas e imediatas para além de promessas assinadas em papéis, pontuamos nossas verdadeiras pautas e os possíveis caminhos no avanço de diálogo mais propositivo, que não se confunde com repetições de palavras, termos e compromissos como a reitoria já apontara no mês que passou. Sendo assim, seguem no transcorrer deste documento nossas pautas revisitadas sob um olhar conjuntural crítico do momento histórico que nos encontramos:
1-Não retaliação ao movimento e às pessoas do movimento (Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais!) – No decorrer do processo de ocupação, os sujeitos envolvidos diretamente nesta passaram a sofrer retaliações e criminalizações das mais diversas com um sentido coercivo e autoritário, e por si só injustificáveis. Bolsas foram cortadas e/ou remanejadas de setores, a citar-se as modalidades de bolsa auxílio alocadas no Biotério, Comissão de Boas Práticas e Conselho Gestor do próprio Restaurante Universitário (setores ironicamente relacionados diretamente com nossa reinvindicação). Além disso, falas docentes em sala de aula, declarações em conselhos departamentais e encaminhamentos da própria associação docente desta universidade, demonstram que criminalizar o coletivo institucionalizou-se enquanto política declarada de uma parcela da comunidade universitária. Pontuamos que nossas reivindicações perpassam por outras questões, porém, colocamos como sinequanon a relação entre uma possível desocupação e a garantia de que nenhum membro deste coletivo seja (agora e/ou posteriormente) retaliado, perseguido ou constrangido em consequência deste movimento.
2-Funcionamento nos finais de semana –  Alertamos que este ponto já era pauta da residência universitária devidamente exposta e declarada há pelo menos 3 anos; salientamos que o funcionamento nos fins de semana é uma das pautas que deve ser garantida imediatamente. Estudos de demanda já foram feitos pelo próprio conselho gestor, porém mesmo sem estudos consultivos já existe a sinalização empírica da necessidade de muitos moradores da residência universitária, estudantes do Feira VI e de estudantes que frequentam a universidade aos sábados, de se alimentarem nos finais de semana, feriados e feriadões. Sendo assim, defendemos a garantia de que esse funcionamento seja efetivado imediatamente com uma cota mínima inicial de 300 refeições diárias.      
3-Aumento e Gestão das Cotas Integrais e Parciais – Como uma de nossas pautas, a garantia das cotas integrais para todos os moradores da residência (residentes e excedentes) caminha no sentido de permanência estudantil. Exigimos esta garantia histórica que nos foi retirada. Juntamente com isso, pautamos o aumento das cotas integrais que atualmente são disponibilizadas para comunidade não residente por meio de avaliação socioeconômica, de modo que os alunos cotistas possam ser contemplados com maior prioridade. Para, além disso, não abrimos mão do incremento substancial representado pela expansão gradual das cotas integrais e parciais, tendo em vista que a UEFS vem ofertando novos cursos e aumentando consideravelmente suas matrículas, o que só expande a demanda dos e das estudantes, há muito represada, pelo acesso às políticas de alimentação entendidas enquanto políticas de assistência e permanência estudantil.
4-Pelo fim do Burguesão – Esta ocupação não vê mais nenhuma viabilidade em retorno do  self-service  neste espaço. Nosso entendimento é de que a existência do  (burguesão) self-service precariza  a qualidade  da alimentação servida no bandejão, seja pelo compartilhamento da cozinha, da despensa  e dos funcionários, seja pela própria  natureza de um serviço pago oferecido pela mesma empresa  ao lado do serviço ofertado no bandejão, cuja precarização cada vez  mais acentuada é correspondente às necessidades  lucrativas  do  self-service. Avaliamos que não é função deste movimento definir onde outras categorias ou  mesmo certa parcela  da categoria estudantil poderá se alimentar a partir do fim do  self-service e que  se  a universidade se propõe   a  manter um sistema de  bandejão e  que  este seja de qualidade, parece contraditório que  o  mesmo já traga em anexo um serviço de  melhor qualidade.
5-Núcleo Permanente de Fiscalização e Conselho Gestor do R.U. – Destacamos sobre o núcleo permanente de fiscalização, que este deve ater-se a sua função fiscalizadora deixando os aspectos relacionados à gestão contratual sob responsabilidade do Conselho Gestor e Reitoria. Este núcleo deverá ter sede fixa e atuação permanente fiscalizando as atividades do restaurante como deveria ser feito pela ineficiente comissão de boas práticas. Deve caber a este núcleo encaminhar proposições, críticas, sugestões e denúncias ao Conselho Gestor do R.U., já este deve ser repensado, com permanência das representações estudantis que hoje o compõe e as suas funções não devem ser esvaziadas nem transferidas para o Núcleo Permanente de Fiscalização. Pontuamos que se estabeleçam prazos definidos com relação ao início deste núcleo, bem como os profissionais que o comporão.
6- Por outro modelo de restaurante com caráter público e estatal – Que o Conselho Gestor do R.U. tenha como principal ponto de pauta permanente  a Gestão Pública, visando um modelo  em que a gerência administrativa do restaurante seja feita pela própria universidade. Apontamos para possibilidades de organização institucional, baseadas em modelos de outras universidades que ora analisamos, em que desde a aquisição de alimentos até a contratação de serviços terceirizados ( referentes a  funções não mais preenchidas  via concurso público estatal), haja uma  gerência feita pela UEFS. Desta forma, haveria uma reorientação da destinação dos recursos estatais que atualmente são voltados à manutenção de um contrato com uma prestadora de serviços via processo licitatório; sendo que adotaríamos um modelo de gestão pública com  a Uefs  gerindo o Restaurante Universitário diretamente, estando  a  implementação desta  medida  vinculada ao comprometimento da universidade quanto à definição da  ação gerencial propriamente dita, ficando o Conselho Gestor  encarregado de apreciar e  decidir a forma  mais adequada para a efetivação desta gestão no âmbito institucional.
7-Ampliação do espaço físico e o novo restaurante universitário – Em decorrência das mobilizações do ano passado, em julho a uninfra nos apresentou um projeto de ampliação e reestruturação do espaço físico do atual bandejão, com previsão para conclusão em 12 meses, contando a partir da data exposta. O fato é que passaram-se 10 meses após compromisso estabelecido em forma documentada e nem ao menos um tijolo foi movido para se alcançar esse fim. Agora tentam nos convencer de que até o primeiro semestre de 2013 essa etapa reformista será garantida, ou seja, mais um ano de assento e espera para uma resolução viável desta pauta. Somos movidos pelos exemplos históricos em torno dessa pauta a defender o início, ou a fixação de prazo deste imediatamente, das obras de ampliação do referido restaurante. Com relação ao espaço destinado ao novo restaurante universitário, gostaríamos de maiores esclarecimentos quanto às obras que foram iniciadas naquele espaço em decorrência da ocupação, e a exposição dos prazos previstos, já solicitados inicialmente, para continuidade da construção.
Feira de Santana, 31 de maio de 2012
Coletivo Rapinagem






sábado, 26 de maio de 2012

"Com a barriga vazia não consigo dormir
 E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

(Chico Science e Nação Zumbi)