“...Eu vejo o futuro repetir o passado,
eu
vejo um museu de grandes novidades...”
Depois de quase 90 dias de ocupação do
Restaurante Universitário da UEFS, a reitoria optou por uma ação repressiva e
unilateral de desocupação violenta do R.U.. Diante do ocorrido, viemos por meio
desta carta, repudiar tais medidas e denunciar
seu caráter autoritário e truculento.
Na manhã do dia 5 de julho, cerca de 60
vigilantes cercaram o R.U. com grades de ferro impendindo a entrada de qualquer
estudante na ocupação, causando o isolamento de estudantes que estavam nesse espaço, o que
criou um clima de tensão e terror. Durante o cerco a administração superior, em
ato de extrema desumanidade e desrespeito, ordenou o corte de água, luz e gás,
e impediu a entrada de alimentação com o objetivo de forçar a saída dos
ocupantes do espaço. Para piorar o
cenário de terror orquestrado pela reitoria, ordenou-se a “operação madeirite”,
que consistia em forçar o isolamento total daqueles ocupantes lacrando as
janelas e portas de modo a reforçar a
incomunicabilidade, a fome e a atmosfera de pânico, numa atitude digna da era
Onofre.
Momentos de tensão foram constantes e
contaram com situações de atrito nos quais alguns estudantes sofreram agressões
as mais diversas, físicas, psicológicas e morais. Mulheres foram covardemente
agredidas por seguranças armados, e foram registrados casos de manifestações
homofóbicas e racistas. Estudantes foram feridos nos embates com os seguranças
que de forma truculenta tentavam impedir a entrada de comida, água e
medicamentos. Ações essas incitadas, reforçadas e PRATICADAS também por
alguns professores ligados à administração central.
Tais atitudes foram repudiadas por boa
parte de estudantes que compreendem que atos autoritários como esse não
condizem com o ideal de universidade democrática e plural. E por isto mesmo
configurou-se uma teia de solidariedade, expressa no apoio aos sitiados em
forma de vigilias, fornecimento de água e alimentos, e até em enfrentamento
corporal. A repercussão negativa em alguns setores da imprensa e veemente
condenação por parte de setores dos movimentos sociais, além da própria
resistência dos sitiados que destruiram os madeirites, fizeram a reitoria
recuar na ofensiva.
No segundo dia de sitio aconteceu uma
Asembléia Geral dos Estudantes (AGE) que decidiu pelo repúdio a atitude tomada
pela administração central da UEFS e exigiu a retirada do cerco policialesco.
Nessa assembleia foi definida uma pauta na perspectiva de que as saídas para os
atuais impasses devem passar necessariamente pelo DIÁLOGO e NEGOCIAÇÃO,
caminhos para sepultarmos heranças antigas que em nada condizem com o que entendemos
por universidade e que não mais devem ter espaço.
08 de julho de 2012
Bando Anunciador
Feira de Santana, Bahia
Feira de Santana, Bahia
Um comentário:
Auto gestão NE, em apoio ao movimento ocupa bandejão.
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